segunda-feira, 31 de outubro de 2011

7. Religiosidade

 
 
7.
Religiosidade
A religiosidade africana na educação
 
A partir do século XVI, milhões de negros africanos, de diversas regiões, de culturas e línguas variadas. Em comum, sofreram a violência de serem arrancados de suas raízes, forçaram essas pessoas a recriarem para conseguir manter seus valores. Uma história que não se encerra com a abolição da escravatura.
 
A influência da religiosidade africana está em todas as manifestações artísticas e costumes populares.
 
A primeira constituição brasileira, de 1824, época do Império, dizia que o Brasil tinha uma religião oficial: a Católica. A prática de outras era restrita ao ambiente privado.
 
Nas primeiras décadas do século XX, umbandistas e candomblecistas eram perseguidos. A repressão mobilizou membros das religiões afro-brasileiras que se organizaram em movimentos sociais. Em 1988, a Constituição Federal finalmente sacramentou a liberdade religiosa, embora algumas religiões ainda sofram discriminação.
 
A lei 9394 diz que o ensino religioso é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
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A lei fala que são vedadas as formas de proselitismo, ou seja, está afirmando que não é papel da escola angariar adeptos para essa ou aquela religião, mas promover a diversidade e estimular a tolerância.
 
O trabalho na Comunidade Quilombola de Murumurutuba, em Santarém (PA), onde fica a Escola Municipal de Ensino Fundamental São Sebastião, é um exemplo disso. Neste projeto os saberes e fazeres da comunidade são a base para o ensino do português para os alunos de ensino fundamental. Jovens e adultos são instigados a trocar experiências e a conhecer sua comunidade através das histórias contadas pelos mais velhos.
 
A religiosidade só tem sentido na educação se for pra promover valores, valorizar a diversidade e estimular a tolerância. E, claro, também pode ser usada como uma grande ferramenta pedagógica. Como é o caso do projeto Griô, desenvolvido na CEMEI Vovô Zezinho e que obteve o Prêmio Educar para a Igualdade Racial, em sua 3ª edição.
 
“Griô significa contador de histórias, mas está além de ser um simples contador de histórias, um simples contar de histórias, é preciso ser, demonstrar através desse ato de contar histórias, toda a ancestralidade, toda a africanidade, neste indivíduo que está contando estas histórias”, disse a professora Rita de Cássia Santos.
 
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O mito de Oxalá, por exemplo, criador do homem e da mulher, é utilizado pelas professoras para trabalhar com as crianças da educação infantil noções sobre o corpo humano, gênero, suas características, semelhanças e diferenças.
 
A religiosidade de matriz africana e afro-brasileira é trabalhada através da comida, das plantas e ervas, da contação de histórias; assim a escola conseguiu aproximar os pais da instituição, ampliando o diálogo com a comunidade e contribuindo para uma educação mais efetiva, inclusiva e diversa.
 
Projetos como esses promovem a auto-estima e a tolerância através do uso pedagógico da religiosidade afro-brasileira.

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